ENTRELINHAS!

MOMENTO MARCANTE
Desperto antes de o sol acordar, passei semanas esperando por aquele dia, e enfim ele chegou. Levantei, me arrumei e fui.


Cheguei cedo. Não tinha quase ninguém na fila do show, e quem ali estava o sorriso estampava na cara de tanta felicidade.

Após horas esperando, finalmente os portões se abrem, e todo mundo entra correndo, uns por cima dos outros, como um touro quando abre a porteira de um rodeio. Todo mundo tenta achar um bom lugar para olhar o show de um ângulo melhor, mas ela está ali, quietinha, sentada na cadeira de rodas dela. Eu fico observando-a e pensando no que ela deve estar sentindo em ver todo mundo pular com a música e ela não poder.

Quando ela me viu olhando para ela com um olhar fixo e indiscreto, na hora eu pensei que ela ia se sentir mal. Mas não. Ela olhou para mim daquela cadeira não muito moderna e abriu um sorriso enorme, seus dentes brilhavam no embalo da música, seu coração vibrava de estar ali, e ela nem dava bola para sua deficiência.

Aquele sorriso levarei comigo para a vida inteira.

                                                                     Sérgio Gabriel

                                                                                 Turma: 83

NA RUA
Passamos pela rua e às vezes nem notamos certas coisas, pequenos detalhes de nosso dia a dia, se pensarmos bem não há problemas em acontecer isso, pois somos pessoas ocupadas, cheias de problemas, preocupações familiares, assuntos pessoais, mas se um dia resolvêssemos parar de olhar somente para nossas preocupações às vezes fúteis, e começássemos a olhar para o lado, para os problemas alheios, problemas na rua , não somente na rua fora de nossas casas mas também fora de nós mesmos, pararmos de ficar vendo os problemas que se ligam a nós e que se resolvidos nos beneficiariam?


Pensando assim, resolvi começar a voltar mais, observar “alguns” e “algumas” que nunca notamos, podemos até ver, se comover, mas não paramos para ver como aquela pessoa foi parar ali ou um modo de ajudar.

Passo todo dia por uma rua em que há um senhor com uma aparência de 58, 60 anos, um rosto rústico, cara de cansado, mas o que me impressionou foi que ele usa óculos e esta sempre lendo, me admirei por nunca tê-lo notado. Certo dia resolvi perguntar a ele de onde ele tirava aqueles livros, como foi parar ali, parecia ser tão culto. Ele me respondeu sorrindo que os livros vinham de nosso lixo e que estava ali pelo seu passado, por não ter dado valor ou reparado em “coisinhas” que todos nós não reparamos como, por exemplo: a vida. Sua aparência culta vinha de uma vida muito rica que teve, e, apesar de estar ali, na rua era onde ele mais estava feliz.

A partir daquele dia viramos amigos, trocamos livros e às vezes levo alguns pratos para ele saborear. Além de fazer um amigo, hoje vejo a vida com outros olhos. Olho para a vida, olho para a rua, vejo além do físico, vejo a alma das pessoas, assim aprendendo que a rua não se faz somente de avenidas e prédios, mas também de pessoas que podem mudar nossos dias.

Flávia Paim

Turma: 82